récia Antiga é o termo geralmente usado para descrever o mundo
grego e áreas próximas (tais como
Chipre,
Anatólia, sul da
Itália, da
França e costa do
mar Egeu, além de assentamentos gregos no litoral de outros países, como o
Egito). Tradicionalmente, a Grécia Antiga abrange desde
1 100 a.C. (período posterior à
invasão dórica) até à dominação romana em
146 a.C., contudo deve-se lembrar que a
história da Grécia inicia-se desde o
período paleolítico, perpassando a
Idade do Bronze com as civilizações
Cicládica (3000-
2 000 a.C.),
minoica (3000-
1 400 a.C.) e
micênica (1600-
1 200 a.C.); alguns autores utilizam de outro período, o
período pré-homérico(2000-
1 200 a.C.), para incorporar mais um trecho histórico a Grécia Antiga.
1
Os antigos gregos autodenominavam-se
helenos, e a seu país chamavam
Hélade, nunca tendo chamado a si mesmos de
gregos nem à sua civilização
Grécia, pois ambas essas palavras são
latinas, tendo sido-lhes atribuídas pelos
romanos.
2 O país homônimo hoje existente (ver
República Helênica) descende desta, embora, como já dito acima, o termo
Grécia Antiga abrange demais locais.
Cronologia
História
Os gregos originaram-se de povos que migraram para a
península Balcânica em diversas ondas, no início do milênio
II a.C.:
aqueus,
jônicos,
eólios e
dóricos.
2 As populações invasoras são em geral conhecidas como "helênicas", pois sua organização de clãs fundamentava-se, na crença de que descendiam do herói
Heleno, filho de
Deucalião e
Pirra.
12
Período pré-homérico
Civilização Minoica
A Civilização Minoica surgiu durante a
Idade do Bronze Grega em
Creta e floresceu de aproximadamente do século XXX ao
XV a.C.13 O termo "minoico" foi cunhado por
Arthur Evans, seu redescobridor, e deriva do nome do rei mítico "
Minos".
14 Arthur Evans e
Nicolaos Platon, importantes arqueólogos minoicos, desenvolveram dois tipos de periodização para a civilização. Evans baseou-se nos estilos de cerâmica produzidos criando assim três períodos, o Minoano Antigo, o Médio e o Recente. Platon baseou-se no desenvolvimento dos palácios minoicos o que gerou os períodos pré-palaciano, protopalaciano, neopalaciano e pós-palaciano.
Como resultado do comércio com o
Egeu e
Mediterrâneo, no Minoano Antigo, os minoicos viveram uma transição de uma economia agrícola para adentrar noutras economias, o resultado do comércio marítimo com outras regiões do
Egeu e
Mediterrâneo Ocidental.
15 Com a utilização de metais, houve o aumento das transações com os países produtores: os minoicos procuravam
cobre do
Chipre,
ouro do
Egito,
prata e
obsidiana das
Cíclades.
16 Os portos estavam crescendo tornando-se grandes centros sob influência do aumento das atividades comerciais com a
Ásia Menor, sendo que a parte oriental da ilha mostra a preponderância do período.
17 Centros na parte oriental (
Vasilicí e
Mália) começam a notabilizar-se e sua influência irradia-se ao longo da ilha dando origem a novos centros; aldeias e pequenas cidades tornaram-se abundantes e as fazendas isoladas são raras.
18
No final do milênio
III a.C., várias localidades na ilha desenvolveram-se em centros de comércio e
trabalho manual, devido à introdução do torno na cerâmica e na metalurgia de
bronze, a qual se acrescenta um aumento da população (densamente povoada), especialmente no centro-oeste.
15 Além disso, o
estanho da
península Ibérica e
Gália, assim como o comércio com a
Sicília e
mar Adriático começaram a frear o comércio oriental. No âmbito da agricultura , é conhecido através das escavações que quase todas as espécies conhecidas de cereais e leguminosas são cultivados e todos os produtos agrícolas ainda hoje conhecidos como o
vinho e
uvas,
19 óleo e
azeitonas, já ocorriam nessa época.
20 O uso da tração animal na agricultura é introduzida.
21
Pintura mural em Cnossos.
Em torno de
2 000 a.C. foram construídos os primeiros palácios minoicos (
Cnossos,
Mália e
Festo),
15 sendo estes a principal mudança do minoano médio.
22 Como resultado, houve a centralização do poder em alguns centros, o que impulsionou o desenvolvimento econômico e social. Estes centros foram erigidos nas planícies mais férteis da ilha, permitindo que seus proprietários acumulassem riquezas, especialmente agrícolas, como evidenciados pelos grandes armazéns para produtos agrícolas encontrados nos palácios. O sistema social era provavelmente
teocrático, sendo o rei de cada palácio o chefe supremo oficial e religioso.
23 A realização de trabalhos importantes são indícios de que os minoicos tinham uma divisão bem sucedida do trabalho, e tinham uma grande quantidade deles. Um sistema burocrático e a necessidade de melhor controle de entrada e saída de mercadorias, além de uma possível economia baseada em um sistema escravista, formaram as bases sólidas para esta civilização.
24
Com o tempo, o poder dos centros orientais começa a eclipsar, sendo estes substituídos pelo ascendente poderio dos centros interioranos e ocidentais. Isto ocorreu, principalmente, por distúrbios políticos na Ásia (
invasão cassita na
Babilônia,
expansão hitita e invasão
hicsa no
Egito) que enfraqueceram o mercado oriental, motivando um maior contato com a Grécia continental e as Cíclades.
25
Cerâmica do estilo Kamares.
No final do período
MMII (1750 -
1 700 a.C.), houve uma grande perturbação em Creta, provavelmente um terremoto,
26 ou possivelmente uma invasão da Anatólia.
27 A teoria do terremoto é sustentada pela descoberta do
Anemospilia pelo arqueólogo Sakelarakis, no qual foram encontrados os corpos de três pessoas (uma delas vítima de um sacrifício humano) que foram surpreendidas pelo desabamento do templo.
28 Outra teoria é que havia um conflito dentro de Creta, e Cnossos saiu vitorioso.
29 Os palácios de
Cnossos,
Festo,
Mália e
Cato Zacro foram destruídos.
30 Mas, com o início do período neopalaciano, a população voltou a crescer,
31 32 os palácios foram reconstruídos em larga escala
33 (no entanto, menores que os anteriores
34 ) e novos assentamentos foram construídos por toda a ilha, especialmente grandes propriedades rurais.
35
Este período (séculos XVII e
XVI a.C.,
MM III/neopalaciano) representa o apogeu da Civilização Minoica.
29 Os centros administrativos controlavam extensos territórios, fruto da melhoria e desenvolvimento das comunicações terrestres e marítimas, mediante a construção de estradas e portos, e de navios mercantes que navegavam com produções artísticas e agrícolas, que eram trocadas por matérias-primas.
23 Entre 1700 e
1 450 a.C., a monarquia de
Cnossos deteve a supremacia da ilha. Essa monarquia, apoiada, pela elite mercantil surgida em decorrência do intenso comércio, criou um imperio comercial marítimo, a
talassocracia.
36 37 Após cerca de
1 700 a.C., a cultura material do
continente grego alcançou um novo nível, devido a influência minoica.
38 Importações de cerâmicas do
Egito,
Síria,
Biblos e
Ugarit demonstram ligações entre Creta e esses países.
39 Os
hieróglifos egípcios serviram de modelo para a
escrita pictográfica minoica, a partir da qual os famosos sistemas de escrita
Linear A e
B mais tarde desenvolveram-se.
40
A
erupção do vulcão Thera (atual
Santorini) foi implacável para o rumo de Creta.
41 A erupção foi datada como tendo ocorrido entre 1639 e
1 616 a.C., por meio de
datação por radiocarbono;
42 em
1 628 a.C. por
dendrocronologia;
43 e entre 1530 -
1 500 a.C. pela
arqueologia.
44 O leste da ilha foi alcançado por nuvens e chuva de cinzas que possivelmente alastraram gases nocivos que intoxicaram muitos seres vivos, além de terem causado mudanças climáticas e
tsunamis, o que possivelmente fez com que Creta se tornasse polo de refugiados provenientes das
Cíclades, o que minou, juntamente com os cataclismos naturais prévios, a estabilidade da ilha.
45 Além disso, a destruição do assentamento minoico em Thera (conhecido como
Acrotíri) poderia ter impactado, mesmo que indiretamente, o comércio minoico com o norte.
46 Em torno de
1 550 a.C., um novo abalo sísmico consecutivo às catástrofes do
Santorini, destruiu outra vez os palácios minoicos, no entanto, estes foram novamente reconstruídos e foram feitos ainda maiores do que os anteriores.
38 33
Em torno de
1 450 a.C., a Civilização Minoica experimentou uma reviravolta, devido a uma catástrofe natural, possivelmente um terremoto. Outra erupção do vulcão Thera tem sido associada a esta queda, mas a datação e implicações permanecem controversas. Vários palácios importantes em locais como
Mália,
Tílissos,
Festo,
Hagia Triada bem como os alojamentos de
Cnossos foram destruídos. Durante o
MRIIIB a ilha foi invadida pelos
aqueusda
Civilização Micênica.
33 Os sítios dos palácios minoicos foram ocupados pelos micênicos em torno de
1 420 a.C.47 (
1 375 a.C. de acordo com outras fontes
38 ).
Civilização Micênica
Os minoicos viriam a influenciar a história da Grécia através dos micênicos, que adoptam aspectos da cultura minoica. O nome "micénico" foi criado por
Heinrich Schliemann com base nos estudos que fez no sítio de
Micenas, no nordeste do
Peloponeso, onde outrora se erguia um grande palácio e uma das principais cidades além de
Tirinto,
Tebas e
Esparta. Julga-se que os micênicos se chamariam a si próprios aqueus. De acordo com vários historiadores, os micênios eram chamados de
Ahhiyawa pelos
hititas.
48 A sua civilização floresceu entre 1600 e
1 200 a.C.
Os micênicos já falavam
grego. Não tinham uma unidade política, existindo vários reinos micénicos. À semelhança dos minoicos, o centro político encontrava-se no palácio, cujas paredes também estavam decoradas com afrescos
[carece de fontes].
Para além de praticarem o comércio, os micênicos eram amantes da guerra e da caça. Por volta de 1 400 a.C. os micênicos teriam ocupado Cnossos, centro da cultura minoica.
Por volta de
1 250 a.C. o mundo micénico entra em declínio, o que estaria relacionado com a decadência do
reino hitita no
Oriente Próximo[carece de fontes], que teria provocado a queda das rotas comerciais. Sua decadência envolveu também guerras internas
[carece de fontes]. É provável que a destruição da cidade de
Troia, facto que se teria verificado entre 1230 e
1 180 a.C., possa estar relacionado com o relato literário de Homero na
Ilíada, escrita séculos depois.
Período Homérico
Dá-se o nome de período homérico ao período que se seguiu ao fim da Civilização Micênica e que se situa entre 1100 e 800 a.C. Durante este período perdeu-se o conhecimento da escrita, que só seria readquirido no século VIII a.C.. Os objectos de luxo produzidos durante a era micénica não são mais fabricados neste período. A designação atribuída ao período encontra-se relacionada não apenas com a decadência civilizacional, mas também com as escassas fontes para o conhecimento da época.
Outro dos fenómenos que se verificou durante este período foi o da diminuição populacional, não sendo conhecidas as razões exactas que o possam explicar. Para além disso, as populações também se movimentam, abandonando antigos povoados para se fixarem em locais que ofereciam melhores condições de segurança.
Período Arcaico
O mundo grego durante o século 6 a.C.
Antiga moeda
ateniense do século
V a.C., representando a cabeça da deusa
Atena e de uma
coruja no verso.
A origem das
cidades gregas remonta à própria organização dos invasores, especialmente dos aqueus, que se agrupavam nos chamados
ghené (
ghenos, no singular). Os
ghené eram essencialmente
comunidades tribais que cultuavam seus deuses na
acrópole (local elevado). A vida econômica dessas grandes famílias era, a princípio, baseada em laços de parentesco e cooperação social. A terra, a colheita e o rebanho pertenciam à comunidade. Havia uma liderança política na figura do
pater, um membro mais velho e respeitado. Diversos
ghené agrupavam-se em fratarias, e diversas fratarias em tribos.
Com a recuperação econômica após o interlúdio dórico, a população grega cresceu além da capacidade de produção das terras
cultiváveis[carece de fontes]. Diante desse desequilíbrio, e procurando garantir melhores condições de vida, alguns grupos teriam se destacado, passando a manejar armas e a ter domínio sobre as melhores terras e rebanhos. Esses grupos acumularam riqueza, poder e propriedade como resultado da divisão desigual das terras do
ghené, considerando-se os melhores —
aristoi, em grego. Assim, foram diferenciando-se da maioria da população e dissolvendo a vida comunitária do
ghené. Essas transformações sociais estavam na origem da formação da
pólis, a cidade grega. A partir de
750 a.C. os gregos iniciaram um longo processo de expansão, firmando
colônias em várias regiões, como Sicília e sul da Itália (a chamada
Magna Grécia), no sul da França, na costa da península Ibérica, no norte de África e nas costas do mar Negro. Entre os séculos VIII e
VI a.C. fundaram aí novas cidades, as
colônias, as quais chamavam de
apoíkias—; palavra que pode ser traduzida por
nova casa.
São muitas as causas apontadas pelos historiadores para explicar essa expansão colonizadora grega. Grande parte dessas causas relaciona-se a questões sociais originadas por problemas de posse de terra e dificuldades na agricultura
[carece de fontes].
As melhores terras eram dominadas por famílias ricas (os
aristoi, também conhecidos por
eupátridas - bem nascidos). A maioria dos camponeses (
georgoi) cultivava solos pobres cuja produção de alimentos era insuficiente para atender às necessidades de uma população em crescimento. Uma terceira classe, que não possuía terras, dedicar-se-ia, mais tarde, ao comércio; eram chamados de
thetas, marginais. Para fugir à miséria, muitos gregos migravam em busca de terras para plantar e de melhores condições de vida, fundando novas cidades. Assim, no primeiro momento, a principal atividade econômica das colônias gregas foi a agricultura. Posteriormente, muitas colônias transformaram-se em centros comerciais, dispondo de
portos estratégicos para as rotas de navegação.
A Hélade começa a dominar linguística e culturalmente uma área maior do que o limite
geográfico da Grécia. As colônias não eram controladas politicamente pelas cidades que as fundavam, apesar de manterem vínculos religiosos e comerciais com aquelas. Predominava entre os gregos sempre a organização de comunidades independentes, e a cidade (cada uma desenvolveu seu próprio sistema de
governo,
leis,
calendário e
moeda) tornou-se a unidade básica do governo grego.
Consequências da colonização
Cidades e colônias gregas por volta de
350 a.C.
Socialmente, a colonização do
mar Mediterrâneo pelos gregos resultou no desenvolvimento de uma classe rica formada por mercadores (o comércio internacional desenvolvera-se a partir de então) e de uma grande classe média de trabalhadores assalariados, artesãos e armadores. Culturalmente, os gregos realizaram intercâmbios com outros povos. Na economia, a indústria naval se desenvolveu, obviamente, passando a consumir crescente quantidade de madeira das florestas gregas.
As evidências arquelógicas indicam que o padrão de vida na Grécia melhorou acentuadamente (o tamanho médio das área do primeiro andar de residências encontradas por arqueólogos aumentou cinco vezes, de 55 metros quadrados para 230 metros quadrados); a expectativa de vida e a estatura média também mostram evidências de melhoria.
49 A população aumentou de 600.000 no século
VIII a.C. para em torno de 9 milhões, no
IV a.C.50 . E tudo isso fez com que no século IV, a Grécia já possuisse a economia mais avançada do mundo e com um nível de desenvolvimento extremamente raro para uma economia pré-industrial, estando em vantagem em alguns pontos se comparada às economias mais avançadas antes da
Revolução Industrial, aos países baixos do século XVII e à Inglaterra do século XVIII.
51 Apesar disso, houve concentração fundiária, em algumas cidades essa concentração levou a revoltas e
tiranias, em outras a aristocracia manteve o controle graças a legisladores inclementes. Outras cidades permaneceram relativamente igualitárias na distribuição das terras, em Atenas é estimado que entre 7,5-9% dos cidadãos, o grupo abastado, fossem proprietários de 30-35% de todas as terras, e 20% dos cidadãos tinham pouca ou nenhuma terra e os restantes 70-75% dos cidadãos eram proprietários de 60-65% das terras
51 , uma distribuição com índice Gini menor do que a renda dos EUA hoje e comparável à distribuição de renda de Portugal.
Período Clássico
Guerras Médicas
Mapa descrevendo os eventos das Guerras Médicas.
O Período Clássico estende-se entre 500 e
338 a.C. e é dominado por
Esparta e
Atenas. Cada um destas
pólis desenvolveu o seu modelo político (a oligarquia militarista em Esparta e a democracia aristocrata em Atenas).
Ao nível externo verifica-se a ascensão do
Império Aquemênida quando
Ciro II conquista o reino dos medos. O Império Aquemênida prossegue uma política expansionista e conquista as cidades gregas da costa da
Ásia Menor. Atenas e Erétria apoiam a revolta das cidades gregas contra o domínio persa, mas este apoio revela-se insuficiente já que os jónios são derrotados: Mileto é tomada e arrasada e muitos jónios decidem fugir para as colónias do Ocidente. O comportamento de Atenas iria gerar uma reacção persa e esteve na origem das
Guerras Médicas (490-
479 a.C.).
Em
490 a.C. a Ática é invadida pelas forças persas de
Dario I, que já tinham passado por
Erétria, destruindo esta cidade. O encontro entre atenienses e persas ocorre em Maratona, saldando-se na vitória dos atenienses, apesar de estarem em desvantagem numérica.
Dario prepara a desforra, mas falece em
485 a.C., deixando a tarefa ao seu filho
Xerxes I que invadiu a Grécia em
480 a.C. Perante a invasão, os gregos decidem esquecer as diferenças entre si e estabelecem uma aliança composta por 31 cidades, entre as quais Atenas e Esparta, tendo sido atribuída a esta última o comando das operações militares por terra e pelo mar. As forças espartanas lideradas pelo rei Leónidas I conseguem temporariamente bloquear os persas na
Batalha das Termópilas, mas tal não impede a invasão da Ática. O
general Temístocles tinha optado por evacuar a população da Ática para Salamina e sob a direcção desta figura Atenas consegue uma vitória sobre os persas em Salamina. Em
479 a.C. os gregos confirmam a sua vitória desta feita na
Batalha de Plateias. A frota persa foge para o mar Egeu, onde em
478 a.C. é vencida em
Mícale.
Guerra do Peloponeso
Com o fim das
Guerras Médicas, e em resultado da sua participação decisiva no conflito,
Atenas torna-se uma cidade poderosa, que passa a intervir nos assuntos do mundo grego.
Esparta e Atenas distanciam-se e entram em rivalidade, encabeçando cada um delas uma aliança política e militar: no caso de Esparta era a
Liga do Peloponeso e no caso de Atenas a
Liga de Delos. Esta última foi fundada em
477 a.C. e era composta essencialmente por estados marítimos que encontravam-se próximos do mar Egeu, que temiam uma nova investida persa. O centro administrativo da liga era a ilha de
Delos.
Para poder atingir o seus objectivos a liga precisava possuir uma frota. Os seus membros poderiam contribuir para a formação desta com navios ou dinheiro, tendo muitos estados optado pela última opção. Com o tempo Atenas afirma-se como o estado mais forte da liga, facto simbolizado com a transferência do tesouro de Delos para Atenas em 454 a.C.. Os Atenienses passam a considerar qualquer secessão da Liga como um acto de traição e punem os estados que tentam fazê-lo. Esparta aproveita este clima para realizar a sua propaganda.
As relações entre as duas pólis atingem o grau de saturação em
431 a.C., ano em que se inicia a guerra. As causas para esta guerra, cuja principal fonte para o seu conhecimento é o historiador
Tucídides, são essencialmente três. Antes do conflito Atenas prestara ajuda a Córcira, ilha do
mar Jónio fundada por
Corinto (aliada de Esparta), mas que era completamente independente. Atenas também decretara sanções económicas contra Mégara, justificadas com base em uma alegada transgressão de solo sagrado entre
Mégara e Atenas. Para além disso, Atenas realiza um bloqueio naval à cidade de Potideia, no norte da Grécia, sua antiga aliada que se revoltara e pedira ajuda a Corinto
[carece de fontes].
Esparta lança um ultimato a Atenas: deve levantar as sanções a Mégara e suspender o bloqueio a Potideia.
Péricles consegue convencer a assembleia a rejeitar o ultimato e a guerra começa. Os atenienses adoptam a estratégia proposta por Péricles, que advogava que a população dos campos se concentrasse no interior das muralhas de Atenas; os alimentos e os recursos chegariam através do porto do Pireu. Contudo, a estratégia teve um resultado imprevisível: a concentração da população, aliada a condições de baixa
higiene provocou a peste que atingiu ricos e pobres e o próprio Péricles. A guerra continuou até
422 a.C. ano em que Atenas é derrotada em
Anfípolis. Na batalha morrem o general espartano
Brásidas e o ateniense Cléon, ficando o ateniense
Nícias em condições de estabelecer a paz (Paz de Nícias,
421 a.C.). Apesar do suposto cessar das hostilidades, entre 421 e 414 as duas pólis continuam a combater, não directamente entre si, mas através do seus aliados, como demonstra a ajuda secreta dada a Argos por Atenas. Em
415 a.C.Alcibíades convenceu a Assembleia de Atenas a lançar um ataque contra Siracusa, uma aliada de Esparta, em expedição que se revelou um fracasso. Com a ajuda monetária dos persas, Esparta construiu uma frota, que foi decisiva para vencer a guerra. Na Primavera de
404 a.C., Atenas rende-se.
Esse foi um tempo em que o mundo grego prosperou, com o fortalecimento das cidades-Estado e a produção de obras que marcariam profundamente a cultura e a mentalidade ocidental, mas foi também o período em que o mundo grego viu-se envolvido em longas e prolongadas guerras.
Ascensão da Macedónia
O reino da
Macedónia, situado a norte da
Grécia, emerge em meados do século
IV a.C. como nova potência. Os macedónios que não falavam o grego
[carece de fontes] e não adoptaram o modelo político dos gregos, eram vistos por estes como bárbaros. Apesar disso, muitos nobres macedónios aderiram à cultura grega, tendo a Macedónia sido responsável pela difusão da cultura grega em novos territórios.
Durante o reinado de
Filipe II da Macedónia o exército macedónio adopta técnicas militares superiores, que aliadas à
diplomacia e à corrupção, vão permitir-lhe a dominar as cidades da Grécia
[carece de fontes]. Nestas formam-se partidos favoráveis a Filipe, mas igualmente partidos que se opõem aos Macedónios. Em
338 a.C. Filipe e o seu filho,
Alexandre, o Grande, derrotam uma coligação grega em
Queroneia, desta forma colocando a Grécia continental sob domínio macedónio. Filipe organiza então a Grécia em uma confederação, a Assembleia de Corinto, procurando unir os gregos com um objectivo comum: conquistar o Império Persa como forma de vingar pela invasão de 480 a.C
[carece de fontes]. Contudo, Filipe viria a ser assassinado por um nobre macedónio em Julho de
336 a.C., tendo sido sucedido pelo seu filho Alexandre.
Alexandre concretizou o objectivo do pai, através da vitória nas batalhas de
Granico,
Isso e
Gaugamela, marchando até à Índia. No regresso, Alexandre era senhor de um vasto império que ia da Ásia Menor ao Afeganistão, passando pelo Egipto. Alexandre faleceu de forma prematura (possivelmente de
malária[carece de fontes]) na Babilónia em
323 a.C.
Período Helenístico
Após a morte de Alexandre, os seus generais lutaram entre si pela posse do império. As cidades gregas aproveitam a situação para se livrarem do domínio macedónio, mas foram subjugadas por
Antípatro na
Guerra Lamíaca (323-322 a.C).
Nenhum dos generais de Alexandre conseguiu reunir o império sob o seu poder. Em vez disso, nasceram vários reinos que seguiriam percursos diferentes:
Antígono fundou um reino que compreendia a Macedónia, a Grécia e partes da Ásia Menor;
Seleuco, estabeleceu um vasto reino que ia da Babilónia ao Afeganistão e
Ptolemeu torna-se rei do
Egipto.
Geografia
Situada na porção sul da
península Balcânica, o território da Grécia continental caracteriza-se pelo seu relevo montanhoso; 80% da Grécia é formada por montanhas.
52 A cordilheira dominante é a dos
montes Pindo que separa a costa oriental, banhada pelo
mar Egeu, da costa ocidental, banhada pelos mares
Jônico e
Adriático.
Colônias
Durante o
período arcaico, a população da Grécia cresceu além da capacidade da sua já limitada terra cultivável (de acordo com uma estimativa, a população da Grécia Antiga aumentou por um fator maior do que 10 durante o período de 800 a
400 a.C., a partir de um aumento populacional de 800.000 habitantes para uma população total estimada em 10 a 13 milhões de pessoas).
53
Por volta de
750 a.C. os gregos começaram um período de expansão territorial que durou cerca de 250 anos, estabelecendo colônias em todas as direções. A leste, na costa do
mar Egeu, a
Ásia Menor foi colonizada primeiro, seguida por
Chipre e as costas da
Trácia, o
mar de Mármara e costa sul do
mar Negro. A colonização grega também alcançou áreas mais distantes, como regiões das atuais
Ucrânia e
Rússia (
Taganrog). A oeste, foram colonizadas as costas da
Ilíria,
Sicília e do
sul da Itália, seguido pelo sul da
França,
Córsega e até mesmo o nordeste da
Espanha. Também foram fundadas colônias gregas no
Egito e na atual
Líbia.
As atuais cidades de
Siracusa,
Nápoles,
Marselha e
Istambul tiveram seu início como as colônias gregas de
Syracusae (Συρακούσαι), Neapolis (Νεάπολις), Massalia (Μασσαλία) e
Byzantion (Βυζάντιον). Estas colônias desempenharam um papel importante na disseminação da influência grega em toda a Europa e ajudaram a criar longas redes comerciais entre as cidades-Estado gregas, impulsionando a economia da Grécia antiga.
Sociedade e organização política
Leis de herança, fragmento da 11ª primeira coluna do Código Legal de
Gortina,
Louvre.
São muitas as diferenças entre a Grécia moderna e a Grécia Antiga. O mundo grego antigo estendia-se por uma área muito maior do que o território grego atual. Além disso, há outra diferença básica. Hoje, a Grécia constitui um
Estado, cujo nome oficial é "República Helênica". Já a Grécia Antiga nunca foi um Estado unificado com governo único. Era um conjunto de
cidades-Estado independentes entre si, com características próprias embora a maioria delas tivesse seus sistemas econômicos parecidos, excluindo-se de Esparta.
Cidades-Estado
Desde o século
VIII a.C., formaram-se pela Grécia Antiga diversas cidades independentes. Em razão disso, cada uma delas desenvolveu seu próprio sistema de governo, suas leis, seu calendário, sua moeda. Essas cidades eram chamadas de
pólis, palavra grega que costuma ser traduzida por
cidade-Estado.
De modo geral, a
pólis reunia um agrupamento humano que habitava um território cuja extensão geralmente variava entre algumas centenas de quilômetros quadrados e 10.000 km²
50 . Compreendia uma área urbana e outra rural. Atenas, por exemplo, tinha 2.500 km², Siracusa tinha 5.500 km² e Esparta se estendia por 7.500 km²
50 . A área urbana frequentemente se estabelecia em torno de uma colina fortificada denominada acrópole (do grego
akrós,
alta e
pólis,
cidade). Nessa área concentrava-se o centro comercial e a manufatura. Ali, muitos artesãos e operários produziam tecidos, roupas, sandálias, armas, ferramentas, artigos em
cerâmica e
vidro. Na área rural a população dedicava-se às atividades agropastoris: cultivo de
oliveiras,
videiras,
trigo,
cevada e criação de rebanhos de
cabras,
ovelhas,
porcos e
cavalos. Este agrupamento visava atingir e manter uma completa autonomia política e social para com as outras
pólis gregas, embora existisse muito comércio e divisão de trabalho entre as cidade gregas. É estimado que Atenas importava 2/3 à 3/4
49 de seus alimentos e exportava
azeite,
chumbo,
prata,
bronze, cerâmica e
vinho. No mundo grego encontramos muitas
pólis, dentre as mais famosas, temos
Messênia, Tebas,
Mégara e
Erétria. É estimado que seu número tenha chegado a mais de mil no século
IV a.C.50 .
A maioria das pólis gregas eram pequenas, com populações de aproximadamente 20 mil habitantes
50 ou menos na sua área urbana. Contudo, as principais cidades eram bem maiores, no século
IV a.C., estando entre elas Atenas, com estimados 170 mil habitantes,
Siracusa com aproximadamente 125 mil habitantes e Esparta com apenas 40 mil habitantes.
Atenas era a maior e mais rica cidade da Grécia Antiga durante os séculos V e
IV a.C. Existem relatos da época que reportam um volume comercial externo (soma das importações e exportações das cidades do império ateniense) da ordem de 180 milhões de
dracmas áticos, valor duas ou três vezes superior ao orçamento do
Império Aquemênida na mesma época.
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Formas de Governo
Monarquia
A monarquia é uma forma de governo em que o poder está nas mãos de uma única pessoa. A maioria das monarquias foram governadas por reis, geralmente com a ajuda de um conselho de assessores. A palavra monarquia vem dos termos gregos monos (que significa "um") e arkhein (que significa "regra").
Os
Micénicos, quem governou a Grécia antiga de 2000 a.C a 1100 a.C., eram povos guerreiros que estabeleceram monarquias para governar seus reinos. O rei de cada cidade-estado vivia em um palácio-fortaleza luxuoso na cidade capital. Além da capital havia uma rede de aldeias periféricas. As pessoas dessas aldeias pagavam impostos ao rei, obedeciam as suas leis, e dependiam dele para a sua defesa. O rei muitas vezes contou com soldados fortemente armados para impor seu domínio e garantir que as pessoas pagassem impostos e obedecessem suas leis. Ele geralmente mantinha o seu poder político para a vida toda. Seu filho mais velho, o príncipe, sucedia-lhe no trono. Quando não havia sucessor masculino direto, os mais próximos conselheiros militares do rei muitas vezes lutavam entre si para se tornar o novo monarca.
As monarquias micênicas sobreviveram até por volta do ano de 1200 a.C. Naquela época, muitas de suas rotas comerciais orientais começaram a fechar por causa de combates entre reinos da Ásia Menor. Como resultado, os micênicos já não podiam obter metais brutos, e sua capacidade de fabricar armas e conquistar outras terras diminuíram. Eventualmente, os micênicos começaram a lutar entre si pela sobrevivência, e eles lentamente destruíram-se uns aos outros. Finalmente, um povo do noroeste chamado dórios invadiram a Grécia e destruíram o que restava das monarquias micênicas. A Monarquia como forma de governo logo desapareceu na Grécia. Foi substituída por um sistema em que um pequeno número de indivíduos partilhavam o poder e governavam como um grupo.
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Oligarquia
Uma oligarquia é uma forma de governo em que o poder de decisão está nas mãos de poucos líderes. A palavra oligarquia vem dos termos gregos oligos (que significa "poucos") e arkhein (que significa "regra")
Entre 1100 e 800 a.C., pequenos grupos de pessoas começaram a compartilhar o poder dominante em várias cidades-estados gregas. O poder político foi muitas vezes compartilhado entre aristocratas, que herdavam a riqueza e o poder de suas famílias, e um
rei. Com o tempo, esse arranjo de decisões mudou. As oligarquias se desenvolveram de forma que o poder político ficava nas mãos de poucos indivíduos, ricos e selecionados. Alguns desses membros do círculo governante eram de nascimento aristocrático, enquanto outros eram membros ricos da classe média. Como monarcas, oligarcas geralmente tinham vidas de luxo e faziam cumprir sua lei com o apoio militar. Os cidadãos de uma oligarquia desfrutavam de certas proteções, embora eles não tinham plenos direitos políticos, como votar. Portanto, a maioria dos cidadãos de uma oligarquia tinha muito pouco a dizer sobre como a cidade-estado era governada.
Com o tempo, as oligarquias começaram a desaparecer na Grécia por vários motivos. Em
Corinto, por exemplo, as pessoas viviam bem, mas a oligarquia governava duramente e os cidadãos eventualmente derrubaram-na. Em Atenas, a insatisfação com os oligarcas surgiu como o aumento da população camponesa e escassez de alimentos. O poder das oligarquias também foi enfraquecido quando indivíduos poderosos e ricos reuniram exércitos de contratados, ou
mercenários, guerreiros, chamados
hoplitas, e os usou para intimidar os líderes políticos. Até o ano 400 a.C., uma oligarquia estável governou apenas uma cidade-estado,
Esparta.
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Tirania
A tirania é uma forma de governo em que o poder de decisão está nas mãos de um indivíduo que tenha tomado o controle, muitas vezes por meios ilícitos. A palavra tirania vem do grego tyrannos, que significa "usurpador com poder supremo". Com o tempo, a pessoa que governava através da tirania, ou um tirano, ficou conhecida como quem se agarra ao poder por meios cruéis e abusivos.
As tiranias na Grécia surgiram pela primeira vez em meados do ano 600 a.C. Em muitas cidades-estados, uma crescente e rica classe média de comerciantes e fabricantes ficara descontente com seus governantes. Essa classe média exigia privilégios políticos e sociais para acompanhar sua nova riqueza, mas as oligarquias dominantes recusavam-se a conceder-lhes uma palavra a dizer no governo. Várias pessoas, na sua maioria ex-líderes militares, responderam às demandas da população de classe média e prometeram fazer as mudanças que eles queriam. Apoiados pela classe média, esses indivíduos tomaram o poder dos grupos governantes. Uma vez no poder, esses líderes (ou tiranos) frequentemente reformulavam as leis, a ajudavam os pobres, cancelavam dívidas, e davam aos cidadãos que não eram nobres uma voz no governo. Como recompensa, os cidadãos presenteavam os tiranos com frequência, que por sua vez ficaram bastante ricos.
Muitos tiranos governaram por curtos períodos de tempo. Em algumas cidades-estado, os tiranos se tornaram duros e gananciosos, e foram simplesmente derrubados pelo povo. O último tirano importante a governar a Grécia continental foi
Hípias da cidade-estado de
Atenas. Em 510 a.C. uma combinação de invasores espartanos e atenienses, que se opunham ao seu governo severo, forçaram Hípias a demitir-se e deixar a Grécia. Uma nova forma de governo, em que todos os cidadãos compartilhavam tomadas de decisão, eventualmente o substituiu.
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Democracia
Clístenes considerado o pai da democracia grega
A democracia é uma forma de governo em que o poder está nas mãos de todas as pessoas. A palavra democracia vem do termo grego demos (que significa "povo") e kratos (que significa "poder").
A democracia se desenvolveu na Grécia antiga por volta de 500 aC na cidade-estado de Atenas, onde muitas pessoas começaram a opor-se a regra dos tiranos. O órgão principal da democracia ateniense era a
Assembléia dos cidadãos. A Assembléia foi aberta a todos os 30.000 a 40.000 cidadãos adultos do sexo masculino, mas geralmente apenas 5.000 pessoas compareciam. Tanto os cidadãos ricos e pobres participavam da Assembléia. Este órgão se reunia cerca de 40 vezes por ano para dirigir a política externa, rever as leis e aprovar ou condenar a conduta dos funcionários públicos. Membros da Assembléia chegavam a todas as suas decisões através do debate público e do voto.
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Um órgão executivo menor mas não menos importante , o Conselho dos 500, foi o responsável pelo dia-a-dia de funcionamento do
Estado. Esse corpo, cujos membros eram escolhidos anualmente em um tipo de "loteria", propunha leis e decisões da Assembleia pela força ou decretos. O Conselho também administrou as finanças do Estado, recebeu embaixadores estrangeiros, e supervisionou a manutenção da frota de navios ateniense.
Um aspecto importante da democracia ateniense era o fato de que os seus funcionários públicos não tinham muito poder individual. Não houve tal posse como um
presidente de Atenas. Em tempos de guerras, um grupo seleto de generais tomavam decisões sobre assuntos militares. Esses generais foram eleitos anualmente e poderiam ser reeleitos várias vezes. Quase todos os funcionários do governo, incluindo generais e os membros do conselho, bem como os cidadãos que serviram em júris foram pagos por seus serviços. Isso permitiu que cidadãos do sexo masculino, tanto ricos e pobres a participassem plenamente no governo ateniense.
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Cultura
Os gregos tinham conflitos e diferenças entre si, mas muitos elementos culturais em comum. Falavam a mesma língua (apesar dos diferentes dialetos e sotaques) e tinham
religião comum, que se manifestava na crença nos mesmos deuses. Em função disso, reconheciam-se como
helenos (gregos) e chamavam de
bárbaros os estrangeiros que não falavam sua língua e não tinham seus costumes, ou seja, os povos que não pertenciam ao mundo grego (Hélade).
Educação ateniense
Em Atenas, apesar das mulheres também serem educadas para as tarefas de mãe e esposa, a educação era tratada de outra forma, pois até mesmo nas classes mais pobres da sociedade ateniense encontrava-se homens alfabetizados. Eles eram instruídos para cuidarem não só da mente como também do corpo, o que lhes dava vantagem na hora da guerra, pois eram tão bons guerreiros quanto eram estrategistas.
[carece de fontes]
Os meninos, quando ainda pequenos -
aos sete anos de idade -, já começavam suas instruções na escola e em suas próprias casas. O
Pedagogo - um escravo especial - eram escolhidos a orientá-los. Antigos poetas como
Homero eram citados em suas aprendizagens.
Jogos Olímpicos
Um exemplo de atividade cultural comum entre os gregos foram os Jogos Olímpicos. A partir de
776 a.C., de quatro em quatro anos, os gregos das mais diversas cidades reuniam-se em
Olímpia para a realização de um festival de competições. Esse festival ficou conhecido como
Jogos Olímpicos.
Os Jogos Olímpicos eram anunciados por todo o mundo grego dez meses antes de sua realização. Os gregos atribuíam tamanha importância a essas competições que chegavam a interromper guerras entre cidades (trégua sagrada) para não prejudicar a realização dos jogos. Pessoas dos lugares mais distantes iam a Olímpia a fim de assistir aos jogos. Havia, entretanto, proibição à participação das mulheres, seja como esportistas, seja como espectadoras.
Arte
Religião
Os gregos praticavam um culto politeísta antropomórfico, em que os deuses poderiam se envolver em aventuras fantásticas, tendo, também, a participação de heróis (
Hércules,
Teseu,
Perseu,
Édipo) que eram considerados divinos. Não havia dogmas e os deuses possuíam tanto virtudes quanto defeitos, o que os assemelhava aos mortais no aspecto de personalidade. Para relatar os feitos dos deuses e dos heróis, os gregos criaram uma rica
mitologia.
Normalmente, as cerimônias públicas, mesmo de cunho político, eram antecedidas por práticas religiosas, o que reflete a importância da
religião entre os gregos antigos. Mas essa religião foi superada pela
filosofia.
Apesar da autonomia política das cidades-estados, os gregos estavam unificados em termos religiosos. Entre as divindades cultuadas estavam:
Zeus (senhor dos deuses e céus),
Hades (deus do mundo inferior),
Deméter(deusa da agricultura),
Posidão (deus dos mares),
Afrodite (deusa do amor e beleza),
Apolo (deus do sol e das artes),
Dionísio (deus do vinho),
Atena (deusa da sabedoria e estratégia em batalha),
Ártemis (deusa da caça e da lua),
Hermes (deus dos ladroes e das comunicações),
Hera (protetora das mulheres e deusa do casamento) e muitas outras.
Além dos grandes santuários como os de
Delfos,
Olímpia e
Epidauro, havia os
oráculos que também recebiam grandes multidões, pois lá se acreditava receber mensagens diretamente dos deuses. Um exemplo claro estava no
Oráculo de Delfos, onde uma
pitonisa (sacerdotisa do templo de Apolo) entrava em transe e pronunciava palavras sem nexo que eram interpretadas pelos sacerdotes, revelando o futuro dos peregrinos.
Outro fato muito interessante era a existência dos homogloditas, um pequeno povo que vivia nas áreas litoranas do mediterrâneo, eles utilizavam a argila para a construção de estatuetas como uma oferenda aos deuses gregos, geralmente ao
Dionísio, deus do vinho e das festas.
Legado da Grécia Antiga
Conceitos como
cidadania e
democracia são gregos, ou pelo menos de pleno desenvolvimento na mão dos gregos. Qualquer história da Grécia Antiga requer cautela na consulta a fontes. Os historiadores e escritores políticos cujos trabalhos sobreviveram ao tempo eram, em sua maioria,
atenienses ou pró-atenienses, e todos conservadores
[carece de fontes]. Por isso se conhece melhor a história de Atenas do que a história das outras cidades; além disso, esses homens concentraram seus trabalhos mais em aspectos políticos (e
militares e
diplomáticos, desdobramentos daqueles), ignorando o que veio a se conhecer modernamente por história econômica e social. Toda a história da Grécia antiga precisa dar atenção à condução parcial pelas fontes.
Ver também